7 de setembro de 2012

A diferença entre os bons profissionais e os excelentes profissionais.


Um profissional excelente não é um líder, mas sim um líder que passou por uma aprendizagem, não é um gestor acabado, mas um gestor construído. Um profissional excelente é esculpido no terreno da educação, elaborado no solo dos conflitos, forjado no calor dos desafios e construído no terreno das fragilidades.
Antigamente ser um bom profissional, independentemente da profissão que escolhesse, era suficiente para ter segurança, obter regalias e atingir metas. Atualmente, as sociedades capitalistas passam por transformações tão rápidas e agressivas que não basta ser-se bom, é necessário atingir-se a excelência, inclusive para se ter saúde psíquica.
No passado, uma grande empresa demorava duas ou três gerações a desaparecer, fechar, trocar de mãos ou falir. Hoje em dia são suficientes, alguns anos ou inclusive meses para chegar a banca rota.
 Os bons profissionais são atropelados num mercado altamente competitivo, e só os excelentes profissionais sobrevivem.
Mas o que significa ser um excelente profissional?
Esta é uma questão muito importante! Quais são as diferenças entre um bom profissional e um excelente profissional? Esta é igualmente outra questão! Não é o que trabalha mais, mas é o que mais pensa. Não é o mais previsível, mas o que mais surpreende. Não é o que repete comportamentos, mas o que se reinventa. Não é o que engessa a mente, mas o que liberta a imaginação. As empresas e as universidades são canteiros de excelentes profissionais? Na minha opinião, não. Os excelentes profissionais são exceções.
Os bons profissionais fazem tudo o que lhes pedem, enquanto os excelentes profissionais surpreendem, fazendo mais do que aquilo que lhes solicitam. Um bom profissional executa as tarefas que lhes são solicitadas, enquanto um excelente profissional decifra o código da criatividade e faz muito mais do que lhe pedem. Um bom profissional é correto, ético e responsável, porem não se doa, não se entrega e apenas faz o que esta contratado para desempenhar. Um excelente profissional faz coisas que ultrapassam as suas obrigações. Um bom profissional vive no cárcere da sua rotina, não tem flexívidade e só consegue caminhar se tiver um mapa que o oriente. Tem medo de falhar, de ser criticado e de ter novas atitudes. Um excelente profissional tem coragem, é ousado, criativo, inovador e perspicaz.
Um bom profissional respeita o plano, um excelente profissional abre as janelas da sua mente e ultrapassa as suas fronteiras. Um bom profissional descobre o óbvio, um excelente profissional deixa fluir o raciocínio e descobre o que há de novo. Um bom profissional prefere a segurança dos terrenos conhecidos, um excelente profissional escolhe a insegurança de terrenos inexplorados.
Um bom profissional pertence ao rol dos indivíduos comuns, enquanto um excelente profissional pertence ao grupo dos estranhos no ninho, embora seja sociável. O que move um excelente profissional a ser diferente não é o desejo de estar acima dos seus colegas, mas o seu código altruísta, o seu desejo de servir e de contribuir.
Se alguém pedir a um excelente profissional para procurar determinadas informações, ele tentara obter mais dados do que aqueles que lhe foram solicitados. Se alguém lhe pedir arranjar uma racha na parede, procurara também reparar outras rachas que ainda não foram detetadas. Se alguém lhe solicitar que encontre uma alternativa para um determinado problema, estudara o máximo de possibilidades. Um bom profissional executa o previsível, um excelente profissional faz o imprevisível. Um bom profissional passa despercebido, um excelente profissional, por mais simples que seja o seu trabalho, nunca deixara de ser notado. Encanta, envolve, influência.

Os bons profissionais corrigem os seus erros, enquanto os excelentes profissionais os previnem.
Os bons profissionais fazem o que podem para reparar um acidente, os profissionais brilhantes fazem o que podem para evitar que estes ocorram. Os novos tempos exigem uma liderança especializada em prevenir crises e não em corrigi-las.
Os bons profissionais apagam o fogo, enquanto os excelentes profissionais previnem o incêndio. Os bons profissionais tratam os sintomas, enquanto os profissionais excelentes previnem as doenças. Os bons profissional têm o raciocino lógico linear, ao passo que os excelentes profissionais têm o raciocínio esquemático e histórico social. Corrigir erros gera aplausos públicos, preveni-los nem sempre gera glamour social, mas produz um reconhecimento insubstituível e anónimo, ou seja, o da própria consciência. Os médicos do serviço público nem sempre são valorizados socialmente. Então, e se não existissem vacinas?
Um bom profissional desconhece a arte da dúvida, as suas verdades são inquestionáveis, é um deus que anda à procura de servos, enquanto um excelente profissional sabe que é um ser humano imperfeito que vive num ambiente imperfeito. É um líder que procura pensadores. Manipula a arte da dúvida com mestria e humildade. E questiona-se continuamente: o que é que não esta a correr bem? Que falhas terei cometido? E por que razão não me terei apercebido das mesmas? O que é que não estou a ponderar?
Tentar arranjar uma solução para uma empresa que apresenta graves dificuldades financeiras constitui um determinado patamar, mas evitar que se chegue a esta situação é um degrau mais acima. Tentar vender produtos e serviços quando a empresa esta em decadência é a atitude que tomam os bons executivos, mas libertar a intuição criativa para inovar, reciclar e reinventar-se quando a empresa esta no auge é uma atitude que cabe aos excelentes profissionais.
Os bons profissionais executam ordens, ao passo que os profissionais excelentes pensam pela empresa.
Os que obedecem a ordens só se apercebem da crise de esta já estar instalada mas os pensam pela empresa apercebem-se dos seus sinais subtis antes de esta surgir.
Os bons profissionais desejam primordialmente ser gestores da sua empresa, enquanto os excelentes profissionais almejam ser primeiramente gestores da sua mente. Sabem que ninguém poderá ser um líder brilhante no teatro social se não for em primeiro lugar um grande líder no teatro psíquico. Os bons profissionais são gastadores compulsivos, enquanto os excelentes profissionais poupam compulsivamente, contudo nunca deixaram de investir nos seus sonhos e no seu próprio lazer. Os bons profissionais vivem o presente, os excelentes profissionais planeiam o futuro.
Os bons profissionais pensam que pensam, mas no fundo repetem ideias, enquanto os excelentes profissionais as constroem. Os bons profissionais publicitam as suas obras, enquanto os excelentes profissionais esperam que os outros as reconheçam.
Os bons profissionais são vítimas do síndrome do pensamento acelerado, estão sempre agitados, ansiosos, sofrem por antecipação, têm ataques de nervos dentro da empresa, ao passo que os excelentes profissionais, mesmo que sofram do mesmo síndrome redesenham o seu estilo de vida, não descarregam sobre os seus colegas a sua ansiedade e procuram proteger as suas emoções. Sabem que um líder doente formara liderados doentes e que um líder ansioso criará um ambiente psicótico na empresa onde trabalha.
Flexibilidade, autocrítica, gestão psíquica e intuição para se anteciparem os problemas são códigos fundamentais para quem quer atingir a excelência profissional. As crises começam a ser concebidas no auge do sucesso. A gestação dos fracassos inicia-se sob os aplausos do pódio.
Os bons profissionais são individualistas, enquanto os excelentes profissionais trabalham em equipa e lutam pelo cérebro do grupo. Os bons profissionais estão isolados, enquanto os profissionais excelentes interagem. Os bons profissionais lutam pelo estrelato, enquanto os profissionais excelentes lutam pelo sucesso da equipa.
Os profissionais excecionais sabem que trabalhar em equipa significa mais do que estar simplesmente juntos, é acima de tudo sinónimo de cruzar mentes. Sabem que significa mais do que sentar-se em frente de um colega e emitir opiniões. Quer sobretudo dizer que se deve deixar fluir o pensamento, construir uma mesa redonda de ideias, traçar objetivos e definir focos.
Os bons profissionais são ingénuos, desconhecem as armadilhas da sua própria mente e da dos seus colegas, enquanto os excelentes profissionais têm consciência de que todos os membros da equipa, inclusive ele próprio, possuem fantasmas alojados no seu inconsciente: o fantasma do ego, das vaidades, dos paradigmas rígidos, da hipersensibilidade, dos ciúmes e da necessidade neurótica de fazer prevalecer as suas ideias.
Os excelentes profissionais têm a noção de que até a timidez é uma forma subtil de disfarçar o orgulho, o orgulho de não se expor, de se preservar, de não colocar em xeque as próprias opiniões. Têm consciência de que por mais democráticos que sejamos, todos nós possuímos um pequeno ditador no nosso inconsciente, até quando hasteamos a bandeira da humildade.
Por isso, são facilitadores do debate, exaltam a participação dos vários membros, valorizam as respostas que não são aproveitadas, estimulam a democracia das ideias, promovem o código do altruísmo e aplainam o relevo das vaidades.
Os bons profissionais estão aptos para exigir, pressionar e punir, mas os excelentes profissionais estão aptos para encorajar, estimular e apostar na sua equipa. Estes últimos sabem que quem pressiona e pune os seus pares está apto para lidar com números, mas não são seres humanos. Por outro lodo não sentem a necessidade neurótica de terem sempre razão ou de serem o centro das atenções.
Os excelentes profissionais têm noção de que o poder do elogio é muito mais eficiente do que o poder do medo e das pressões. Têm plena consciência de que tanto para corrigir as pessoas que lideram como para as motivar deverão em primeiro lugar conquistar o território da emoção e só depois o da razão.
Os excelentes profissionais têm o conhecimento de que a liderança e o carisma não dependem da cultura lógica e académica. Há pessoas extremamente cultas que são insuportáveis, e há pessoas simples que são intensamente atraentes.




Nota: Este texto é da autoria de Augusto Cury, médico, psicoterapeuta e escritor de auto-ajuda Brasileiro.

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